A Casa de Referência da Mulher Tina Martins, que fica em Belo Horizonte, num prédio tombado como patrimônio histórico, onde funcionou a Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é um local de atendimento, fortalecimento e oferecimento de políticas públicas para as mulheres. “Em um ano de atuação, sensibilizamos muito a população mineira. Hoje, se uma mulher é encontrada na rua, em situação de vulnerabilidade, logo a Casa é procurada para auxiliar naquilo que as políticas públicas não conseguem atender”, disse Mariana Ferreira, do Movimento de Mulheres Olga Benário, responsável pela ocupação e manutenção da casa. O local abriga mulheres em situação de violência e de vulnerabilidade e “promove ações que mudam de fato a vida destas mulheres”, relatou Mariana.
Quando o Movimento de Mulheres Olga Benário optou pela ocupação do prédio, as reivindicações eram por mais creches, mais delegacias especializadas em mulheres 24 horas e mais casas-abrigo. “No começo, muitas mulheres chegavam lá sem saber como iriam continuar vivendo, tocando as suas vidas”, explicou Mariana. Na Casa de Referência da Mulher Tina Martins, as ações empreendidas incluem as medidas necessárias para fazer com que estas mulheres tenham um novo rumo de vida. Em atuação desde 8 de março de 2016, a casa, além de acolher as mulheres, atualmente realiza oficinas e debates, a fim de auxiliar no reconhecimento e no recomeço da vida, ajudando na busca de autonomia financeira.
Mariana veio a Porto Alegre para participar da Audiência Pública da Ocupação Mulheres Mirabal, organizada pela Procuradoria Especial da Mulher da Assembleia Legislativa, na segunda-feira, dia 27. Em 25 de novembro de 2016, Dia Internacional de Combate a Violência contra as Mulheres, o Movimento de Mulheres Olga Benário realizou a Ocupação Mulheres Mirabal, reivindicando uma casa‐abrigo e atendimento adequados às mulheres vítimas de violência e em situação de vulnerabilidade social na cidade de Porto Alegre (RS). No dia 15 de março, foi deferido o pedido de reintegração de posse da Ocupação Mulheres Mirabal, onde a justiça sob o único pretexto de defender o sagrado direito à propriedade privada, aprovou por unanimidade a desocupação em até 30 dias.
”As casas abrigo são locais de acolhimento para mulheres que fugiram de seus lares para salvarem a si e aos filhos de situações de violência doméstica e oferecem atendimento psicológico, jurídico e assistência social”, afirmou Mariana, ao reforçar que a Ocupação das Mulheres Mirabal não pode deixar de existir. A estudante de 21 anos enfatizou que o Movimento de Mulheres Olga Benário seguirá firme e com a força necessária para resistir e continuar atendendo as mulheres que necessitam em Porto Alegre.
Quem foi Tina Martins
De nome Espertina Martins, conhecida mais tarde como Tina Martins, gaúcha de Lajeado, foi uma jovem combatente do início do século 20. Em 1917, um operário que participava das mobilizações de uma greve geral, em Porto Alegre, foi morto pela Brigada Militar (BM). Revoltados, os grevistas promoveram um protesto durante o enterro. Com 15 anos, Tina levava um buquê de flores, que na realidade continha uma bomba e foi atirado na cavalaria da BM.
Quem foram as Mulheres Mirabal
Patria Mercedes Mirabal, Minerva Argentina Mirabal e Antonia María Teresa Mirabal, as Irmãs Mirabal, dominicanas conhecidas como Las Mariposas, foram assassinadas a mando de Rafael Trujillo, em 25 de novembro de 1960, porque se opuseram ao regime de ditadura do presidente da República Dominicana, que governou o país de 1930 a 1961.
Texto: Márcia Peçanha Martins / Sindjors