Os conflitos presenciados nos últimos dias em Porto Alegre, decorrentes de manifestações de grupos contrários à realização da Copa do Mundo de Futebol, ocasionaram o ferimento de alguns colegas jornalistas. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS) manifesta descontentamento em relação às agressões sofridas e estima que situações como esta não voltem a acontecer. Para isso, reforça a importância de atender algumas orientações de segurança.
No início do mês de junho, um treinamento para profissionais de imprensa foi realizado em parceria entre o SINDJORS e o Batalhão de Operações Especiais da Brigada Militar, onde um grupo com 35 profissionais de imprensa recebeu instruções sobre como se portar em situações de conflito. A ideia do curso foi proporcionar capacitação para que os jornalistas possam garantir sua integridade física sem prejudicar sua atuação.
Aos jornalistas presentes no treinamento, os instrutores alertam que é fundamental estar atento aos fatores que facilitam o deslocamento, caso se identifique a formação de um tumulto. O ideal é que profissionais de imprensa se posicionem nas laterais do grande grupo, de maneira a poder observar tanto as ações dos policiais quanto dos manifestantes. A área entre estes grupos é considerada como zona de risco pois, em caso de conflito, esta região será atingida.
Também é preciso observar as condições climáticas: ir em direção oposta ao vento diminui as chances de inalar a fumaça das bombas de efeito moral, por exemplo. As rotas de fuga também devem ser observadas. Como o interesse da polícia é dispersar o movimento sem precisar entrar em conflito, as ações são coordenadas a fim de permitir que as pessoas possam fugir por vias alternativas.
Entendendo que o jornalista é a principal fonte de informação da sociedade, garantir sua segurança é indispensável. Por esse motivo, é importante que a força policial possa identificar este profissional dentro de um grande grupo. Mesmo entendendo que, em muitos casos, o jornalista não pode se expor, devido ao fato de que alguns grupos presentes nos protestos não compactuam com a presença da grande mídia, os instrutores do curso ratificam a importância de poder identificar a presença da imprensa no local.
Como orientação, os instrutores recomendam o uso de crachás identificando os profissionais da imprensa, bem como o uso de roupas que identifiquem o grupo de mídia ao qual pertencem. Também é sugerido o uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) básico, com capacete e óculos que impeçam a entrada de fumaça nos olhos. O uso de máscaras comuns, assim como aquelas que destinam um compartimento para água ou vinagre (receita popularizada durante os protestos), não apresentam eficácia comprovada. Importante, para minimizar os efeitos dos gases de efeito moral é não inalar a fumaça pela boca e, em caso de contato com os olhos, mantê-los abertos para permitir a entrada de ar. A água só deve ser usada se for corrente e em abundância.
Outras dicas sobre como o jornalista deve se portar em situação de conflito foram divulgadas pela edição de junho da revista Imprensa. São elas:
- Assim que chegar ao local do protesto, defina rotas de fuga
- Evite passar perto de cavalos, pois eles podem morder e dar coices
- Leve cópias de seus documento
- Tenha um kit de primeiros socorros
- Se for filmar, prefira pontos altos
- Combine um ponto de encontro com sua equipe caso a situação fique perigosa
- Não use lentes de contato, pois o gás lacrimogêneo entra por baixo delas
- Use tecidos naturais, que são menos inflamáveis que os sintéticos
- Evitar usar maquiagem, pois o gás adere a ela