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Dia Mundial da Fotografia: A sensibilidade para captar os momentos da vida para o jornalismo

Um dia para refletir sobre o trabalho com a imagem, e também o seu papel no jornalismo. O Dia da Fotografia, comemorado mundialmente em 19 de agosto, data em que, no início do século XIX, o francês Louis Daguerre desenvolveu um equipamento para registrar imagens conhecido como daguerreótipo. Apesar da referência, o jovem profissional Ramiro Furquim afirma que pensa sobre o trabalho com a fotografia e o que pode fazer para melhorar a cada dia. Ele é um dos representantes da nova geração de fotógrafos gaúchos que fala sobre a profissão, seu atual momento e o que enxergam para o futuro do trabalho com o fotojornalismo.

Foto: Ramiro Furquim/divulgação

Fascinado pela caixinha desde quando tem memória, Furquim teve a experiência de trabalhar com câmeras analógicas quando começou a fotografar, em 2002. A faculdade de comunicação fez com que direcionasse o olhar para essa área de atuação, sem esquecer que iniciou o curso de jornalismo por entender que existe na profissão uma função social que atenderia aos seus objetivos. É este compromisso social que Furquim persegue com o seu trabalho diário. “O fotojornalismo está numa mudança dura e difícil, não de depreciação, mas de precarização do trabalho do fotografo”, entende, ao destacar a importância dos profissionais da área se unirem para pensar na categoria. Aos novos fotógrafos que buscam atuar em comunicação ele convida a trabalhar não pelo dinheiro, mas com boa vontade e criatividade, o que “vai ser sempre bom para o jornalismo e para o mundo ao seu redor”.

 

Bruno Alencastro cursou a primeira cadeira de fotojornalismo na faculdade em 2006 e se interessou pela ideia de construir narrativas através da imagem. Para se especializar, participou de oficinas e atividades extracurriculares, o que rendeu um emprego na área assim que concluiu o curso. A carreira no mercado de trabalho, que já iniciou utilizando equipamentos digitais, se estendeu, a partir deste semestre, para a sala de aula. Aos alunos, Alencastro pensa em transmitir uma mensagem otimista em relação ao futuro da profissão. “No passado era difícil publicar trabalho. Hoje, com a internet, não tem limite para isso”, comenta, reforçando a importância de manter um olhar crítico sobre as novidades, para que a partir delas cada um possa encontrar o seu caminho de atuação. Ele também vê na facilidade do público fotografar os acontecimentos antes mesmo dos fotógrafos profissionais uma possibilidade de que, no jornalismo, se abra mais espaço para a grande reportagem, que valorize a fotografia através de ensaios e galerias. “A fotografia está sendo pensada como central para a sociedade do futuro, que caminha para o visual”, conclui.

Foto: Bruno Alencastro/divulgação

Com cerca de 40 anos de profissão, Mário Andre Coelho se interessou pela fotografia olhando as capas de discos de jazz. Casado com uma jornalista nos anos 1970 e com uma filha que seguiu o mesmo caminho, acabou se aproximando da área, unindo o jornalismo ao trabalho com imagem. Da época em que fez parte da equipe de comunicação da prefeitura de Caxias do Sul, Coelho lembra de ter acompanhado as transformações na arquitetura e estrutura da cidade, além do contato com as pessoas, o qual ainda mantém em um projeto de alfabetização visual com crianças e jovens de bairros carentes da cidade serrana. “A fotografia é uma ferramenta de inserção social”, enfatiza o profissional, que vê como positiva a popularização e democratização do acesso ao registro fotográfico. Para quem pretende iniciar agora a carreira como fotojornalista, Coelho sugere que se estude história, sociologia e artes, além da técnica. “Não tem mistério. Tem que olhar muita foto, refletir muito, olhar bons fotógrafos [...] tentar entender porque determinadas imagens são agradáveis aos olhos, estudar e praticar”, finaliza.

Foto: Mário Andre Coelho/divulgação

Fotógrafo profissional desde 1949, Alceu Feijó diz ter o jornalismo na veia, em referência ao trabalho do avô e bisavô com a comunicação. Antes disso, quando professor em uma escola para menores abandonados em Novo Hamburgo, ensinou as técnicas da fotografia aos seus alunos. Além da docência, também dividiu o trabalho com imagem ao de representante comercial de uma fábrica de calçados, quando teve a oportunidade de viajar pelo interior do Estado e se tornar correspondente. Além de fotografar, Feijó também escrevia as matérias, e assim segue atuando até hoje. Aos 88 anos de idade, acredita que a tecnologia interfere no trabalho com a fotografia. “Esse imediatismo tirou muito a sensibilidade, a percepção sensível do fotografo do grande momento, do grande acontecimento, da grande imagem”, explica. “A evolução dos fatos e das coisas no mundo pode suscitar opiniões, mas é vencida pela realidade”, complementa, explicando o que pensa para o futuro da profissão. Sobre o gosto pelo fotojornalismo, Feijó finaliza: “é uma vida que satisfaz uma pessoa”.

 

Texto: Bruna Fernanda Suptitz / Imprensa SINDJORS

Revisão: Milton Simas

 
Publicada em 20/08/2014 21:19


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