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Seminário sobre saúde do trabalhador destaca importância da luta coletiva das categorias

 

As mais de 50 pessoas presentes no I Seminário Estadual Saúde do Trabalhador na manhã do dia 30 de agosto, sábado, puderam acompanhar dois painéis que dialogaram com os interesses da classe trabalhadora no Brasil. Com o propósito de chamar a atenção para a gravidade dos problemas de saúde que atingem a todas as categorias, as palestras destacaram a necessidade de união dos trabalhadores para combater os assédios moral e sexual e outros agravantes no ambiente de trabalho que podem levar ao adoecimento ou provocar acidentes.
 
A mesa de abertura foi composta pelo presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, Milton Simas, pelo coordenador do Fórum Sindical de Saúde do Trabalhador (FSST), Marcelo Jurandir, pelo representante da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Robinson Estrásulas, e pelo coordenador da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, Paulo Javiel Rezende Filho.
 
O médico do trabalho Rogério Dornelles, assessor do FSST e de entidades de classe do Rio Grande do Sul, iniciou o debate apresentando números que exemplificam o descaso de empresas e poder público com a saúde dos profissionais que empregam. Contudo, Dornelles chamou atenção para como os dados são elaborados, já que somente acidentes de profissionais com carteira assinada são contabilizados como acidentes de trabalho. Além disso, o óbito só é relacionado com o ambiente de trabalho quando acontece no local, sendo que o mesmo não ocorre quando a morte do paciente acontece, mesmo que em decorrência do trabalho, no hospital ou em casa.
 
Foto: Robinson Estrasulas/SINDJORS
 
Ainda assim, os números acendem um alerta. Em 2012, a Previdência Social apontou mais de 700 mil casos de acidentes relacionados ao trabalho, perante cerca de 500 mil em 2004. Porém, a quantidade de trabalhadores não aumentou na mesma proporção. “Dados de aumento de trabalho e redução de pessoal podem ser observados em todos os setores”, comentou. Uma conta, conforme explica Dornelles, causada pela empresa, mas paga pela sociedade. Para encerrar, o médico relacionou a militância dos trabalhadores por melhores condições de saúde ao exemplo das Avós da Praça de Maio, movimento de mulheres argentinas que perderam os filhos na época do regime militar no país e cujos netos foram sequestrados pelo grupo que estava no poder. “Devemos manter o compromisso com os outros indivíduos”, enfatizou o profissional.
 
O psicólogo e pesquisador Roberto Heloani destacou a importância do evento realizado pelo Sindicato dos Jornalistas voltado para a categoria dos trabalhadores. “Se não tivermos um senso de união de classe, não vamos avançar”, comentou, ao falar que, mesmo instruídos para uma visão individualista, dependem de uma atuação profissional coletiva. Na segunda palestra da manhã, Heloani falou sobre o estudo que realizou ao longo de dez anos com profissionais da imprensa que atuam no Rio de Janeiro e São Paulo, onde observou que muitos destes trabalhadores buscavam a saída para seus problemas pessoais e de trabalho no uso de álcool e drogas ilícitas. Além disso, o medo de perder o emprego faz com que o jornalista se submeta a uma jornada de trabalho estressante, com o descumprimento da carga horária prevista em lei.
 
Foto: Robinson Estrasulas/SINDJORS
 
O assédio moral, principal objeto de estudo de Heloani, é praticado principalmente com aquele profissional que a empresa percebe como dependente do emprego, e assim servir de exemplo aos demais. Prática semelhante é apontada pelo psicólogo em casos de demissão coletiva, onde os trabalhadores que permanecem no emprego também são prejudicados. “Quem fica sofre duplamente. Se não teve critério, o próximo pode ser quem ficou”, destacou, comentando ainda o sentimento de culpa do profissional de pensar ter sido conivente com o sistema. Heloani finaliza sua participação com a informação de que o Brasil não conta com uma legislação federal que regulamenta o assédio moral. “Existe uma forte tendência a tentar mostrar o assedio como problema pessoal. Para as empresas é ótimo”, complementou Heloani. O pesquisador explicou que este é um tema que deve ser tratado com calma, para que as conquistas atendam aos interesses dos trabalhadores.
 
Durante o seminário o Grupo de Trabalho Saúde do Trabalhador Jornalista, através do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, lançou uma pesquisa que pretende realizar um mapeamento da saúde dos profissionais da imprensa que atuam no Estado. Ao identificar as principais causas de adoecimento da categoria, o grupo pretende projetar ações de prevenção desses quadros. O questionário está disponível neste link.
 
“Jornalistas e trabalhadores de outras áreas foram premiados com a apresentação de dados objetivos e, ao mesmo tempo, preocupantes sobre a situação de adoecimentos nas redações e assessorias. Os dois palestrantes conseguiram mostrar uma realidade que conhecíamos, sem sabermos as reais proporções. Com certeza, agora temos mais dados para enfrentá-la”, diz o presidente do SINDJORS, Milton Simas.   
 
 
Fonte: Imprensa/SINDJORS
Publicada em 01/09/2014 20:34


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