* Por Diretoria SindijorPR
A demissão de 14 jornalistas pela Gazeta do Povo na última segunda-feira não é resultado da crise dos jornais, conforme alega a empresa. Erros de gestão e de investimentos – como a abertura e aquisição de jornais que não deram resultado, contratação de consultorias desnecessárias e a altos custos, inchaço de departamentos burocráticos e aumento da diferença de salários entre altos executivos e a média dos funcionários – estão entre os principais motivos que levaram o principal jornal do Paraná a uma de suas piores crises.
Diante da decisão da empresa, que há dois anos vem fazendo demissões periódicas para descaracterizar a demissão coletiva – até o meio deste ano, já havia sido contabilizadas 23 demissões no jornal –, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (Sindijor), reunido com o grupo de jornalistas demitidos nesta semana, decidiu pedir na Justiça a anulação das dispensas arbitrárias.
A estratégia montada pela direção da Gazeta do Povo para mandar embora vários de seus mais competentes profissionais não levou em consideração a cláusula 20 da Convenção Coletiva de Trabalho, a qual obriga as empresas com mais de 50 funcionários, para casos com mais de 15 demissões, a se enquadrarem em determinados critérios preferenciais para os desligamentos.
Para fugir desta obrigatoriedade, prevista em acordo, e poder definir exatamente quem gostaria de demitir, o jornal listou as vítimas de acordo com critérios questionáveis. A lista inclui profissionais renomados, com vasta experiência, pessoas com salários altos e outros com salários achatados. Nas redes sociais, colegas expuseram a dedicação e o empenho nos anos de empresa que não foram reconhecidos.
A redução do quadro de jornalistas deixa evidente que a Gazeta do Povo coloca em segundo plano seu principal produto, o jornalismo de qualidade. Com ineficiência de planejamento, falta de visão e aniquilamento do pluralismo editorial, o jornalismo da Gazeta do Povo está, gradativamente, morrendo.
Não há como fazer jornalismo de qualidade sem investimentos em jornalistas. Às demissões se somam outras medidas equivocadas adotadas pela empresa nestes últimos anos, com problemas de condições de trabalho, como a precarização dos contratos de trabalho decorrentes do crescimento de freelancers.
O Sindijor é veementemente contra as demissões realizadas pela Gazeta do Povo e sua política voltada a privilegiar setores burocráticos e administrativos em prejuízo da redação. A posição da diretoria permanece em defesa do jornalismo de qualidade, com pluralismo de ideias (condição fundamental para a democracia), entendendo que isto só é possível com a valorização profissional e o respeito aos que trabalham com a notícia.
Fonte: SindijorPR / Divulgação Imprensa SINDJORS
Publicada em 04/09/2014 18:55