Alegando reestruturação, o Grupo Editorial Sinos demitiu na terça-feira, dia 11, os editores-chefes Guilherme Schmidt do jornal VS (São Leopoldo) e Thamy Spencer do jornal DC (Canoas). Ao mesmo tempo anunciou a extinção das funções, substituindo-as pelos cargos criados de editores-executivos, que passaram a ser ocupados por editores dos respectivos veículos, mas sem que isso represente promoção profissional e financeira. O Grupo emprega hoje 151 jornalistas, mantendo emissora de rádio AM, revistas e jornais em Novo Hamburgo, São Leopoldo, Canoas, Esteio, Gravataí e Gramado.
Em reunião realizada na manhã desta quinta-feira, dia 13, com os diretores do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS (SINDJORS), José Nunes e Antônio Barcellos (Delegado Regional do Vale dos Sinos), o diretor do Grupo Sinos Frederico Gusmão explicou que pela nova dinâmica operacional, os cinco jornais passaram a contar com um único editor-chefe, Jeison Rodrigues, com base em Novo Hamburgo, mas que circulará nas sedes dos jornais. Por sua vez, o editor-chefe fica subordinado ao diretor de conteúdo multimídia, o jornalista Nelson Matzenbacher Ferrão.
A direção do Grupo não confirmou a ocorrência de novas demissões, e informou que os estudos da reforma estão em andamento. Entretanto, após a reunião com o SINDJORS, ocorreu a demissão do repórter fotográfico do jornal VS Leonardo Rosa. Na quarta-feira já havia sido desligado o repórter fotográfico do jornal NH (Novo Hamburgo) Rodrigo Rodrigues, e o remanejamento do repórter fotográfico do VS Tiago da Rosa para a redação do jornal NH, onde passa a funcionar o setor de diagramação de todos os jornais. Ao todo, nesta semana, dez profissionais foram desligados do grupo. O Sindicato se coloca à disposição dos demitidos para oferecer toda a assistência disponível, e ficará atento ante a possibilidade de novas demissões.
“É um claro processo de precarização da produção intelectual no Grupo Sinos, visando redução de despesas. O jornal VS, que chegou a ter três profissionais, agora fica um único repórter fotográfico, o que inviabiliza uma cobertura minimamente necessária para um jornal diário e com a abrangência regional que envolve ainda os municípios de Sapucaia do Sul, Esteio e Portão. Não será possível fotografar por telefone”, observa Barcellos. Contatado para esclarecer a situação, Ferrão informa que cada jornal do grupo terá um repórter fotográfico, e o NH contará com seis profissionais em uma central de imagens, que poderão ser deslocados conforme a necessidade dos veículos do grupo.
Os dirigentes reivindicaram o pagamento aos novos e futuros ocupantes dos cargos de editor-executivo o mesmo salário até então pago aos editores-chefes dos jornais, já que estarão desempenhando as funções, e reiteram cobrança anterior para enquadramento financeiro dos demais editores que ainda recebem como repórteres. Também pediram reajuste do Vale Alimentação, hoje fixado em R$ 12,00/dia, sob a justificativa que é difícil conseguir uma refeição completa com este valor. A proposta apresentada é de reajuste imediato para R$ 17,00.
Na mesma reunião, os diretores reafirmaram a posição do Sindicato, no sentido de a empresa rever a tendência de transformação dos jornalistas em profissionais multimídia, com acréscimo de funções de fotografia, filmagem e publicação na internet, sem que isso represente qualquer acréscimo de remuneração. A entidade entende que, além de não permitir a produção de material jornalístico de qualidade, a multifunção também implica na invasão da área de outros profissionais, ocupando os seus espaços. Se o jornalista desempenhar outras funções terá que receber adicional de pagamento para tal.
“Vamos ficar atentos para esta prática ilegal. O profissional deve estar concentrado para a sua função e quando precisa desempenhar mais de uma tarefa, com certeza terá prejuízo no conteúdo final. Em Gravataí, temos a informação de que a empresa exige que os jornalistas saiam com os veículos, pois não disponibiliza motorista”, comenta o presidente do SINDJORS, Milton Simas. Nelson Ferrão confirma a informação de que os repórteres dirigem os veículos da empresa. Ele afirma que a prática não é incomum e vê com naturalidade, afirmando que um repórter não vai deixar de fazer a matéria por falta de motorista disponível para conduzi-lo. “Além de precarizar o trabalho, as empresas estão acumulando funções”, acrescenta.
“Conforme o relato de colegas, recentemente a empresa comprou novos carros e passou a orientação de não acionar o dispositivo airbag quando se deslocarem dentro do município. Isso deixa a entender que o produto é mais importante que a vida de uma pessoa, já que a justificativa é de que, caso acionados, custará muito caro para o seu conserto”, afirma Simas. Ferrão diz não saber da orientação e argumenta que não existe tecnicamente essa possibilidade. Conforme observam os diretores do Sindicato, se confirmada a informação técnica, não há motivo para se emitir tal comunicado.
Fonte: Imprensa/SINDJORS
Publicada em 14/11/2014 17:43