O presidente do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul (SINDJORS), Milton Simas, foi o orador no espaço da Tribuna Popular da Assembleia Legislativa na sessão plenária da tarde desta quinta-feira, dia 9, quando tratou da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Diploma, a conjuntura nacional e, em especial, os casos de corrupção recentemente divulgados. “Entendo nossa presença na tribuna como um reconhecimento à força da categoria e do nosso sindicato”, ressaltou o jornalista ao iniciar seu pronunciamento. Nas galerias estavam profissionais da área.
Simas lembrou que na terça-feira, 7, Dia do Jornalista, a categoria tinha a expectativa da votação da PEC do Diploma na Câmara dos Deputados. "Essa proposta de emenda constitucional restabelece a obrigatoriedade do diploma (após graduação) para o exercício da profissão. Não entrou na pauta, mas prosseguiremos na luta, até reverter a injustiça cometida pelo STF, em 2009”. Outro fato citado por ele como “triste para a sociedade gaúcha e para a classe”, foi o encerramento das edições impressas do jornal O Sul, que agora só poderá ser lido em versão digital.
O jornalista enfatizou a importância da realização de uma segunda Conferência Nacional de Comunicação - Confecom, uma vez que todas as diretrizes aprovadas na primeira edição foram engavetadas pelo governo federal e “nada foi colocado em prática”. Lamentou o fato de que apenas sete famílias praticamente dominam a produção do conteúdo informativo que é veiculado no País, impondo um imaginário coletivo à população. “Nossa luta é contra tudo aquilo que desacredita o jornalismo e os jornalistas. O País passa agora por um momento histórico, tentando fugir da pecha do jeitinho e do desvio”.
Papel a desempenhar
O dirigente sindical frisou que “nós, jornalistas, somos agentes de denúncias quase que diárias. Dentro desta avalanche de acusações precisamos estar atentos ao papel do jornalista: a quem servimos? À sociedade como um todo ou a uma parcela, com interesse apenas empresarial?” Assegurou que o Sindicato dos Jornalistas do RS defende a total apuração dos fatos e condenação dos responsáveis - “Sejam empresários, servidores públicos, doleiros, lobistas ou políticos, independentemente da cor partidária. Nós não devemos escolher a origem da informação, se rica ou pobre, temos que olhar a todos”.
Recordou que a operação Lava-Jato já apresentou muitos nomes, “mas muita gente ainda deve vir neste mar de lama e falta de vergonha na cara. Mas também há o caso do HSBC, que tem entre seus correntistas diversos barões da mídia com contas secretas na Suíça, inclusive a Rede Globo, mas pouco ou quase nada foi publicado quanto a isso”. Igualmente citou a Operação Zelotes, que apura o envolvimento do grupo RBS e outras empresas gaúchas com possíveis fraudes tributárias. “Não sejamos tolos em querer que a Zero Hora ponha nas suas manchetes o seu envolvimento. Claro que não. Mas nós, do sindicato, estamos ao lado dos trabalhadores, assim como dos servidores da Petrobras, que sentem no dia a dia o reflexo do que ocorreu com a histórica empresa, antes orgulho nacional”.
Para ele, a Justiça, nestes episódios, deve agir com igualdade em todos os casos de irregularidades. Prosseguiu enfatizando que o Brasil vive um raro momento de “enfrentamento da roubalheira que sangra sem piedade as finanças públicas, e nós temos papel importante neste processo”. Frisou que é preciso diferenciar jornalistas e empresários. “Nós temos vocação para a honestidade e para a ética. Não atuamos todos os dias, nas redações ou assessorias de imprensa, para encobrir mal-feitos ou jeitinhos. Nosso sustento é nossa credibilidade”, apontou.
Lamentou, ainda, as demissões frequentes na Zero Hora. “A cada três ou quatro dias, quatro colegas são demitidos sem justa causa naquele jornal, ou sob a alegação de que o profissional não se encaixa no perfil da empresa, mesmo depois de décadas de dedicação. Em 2015, mais de 30 jornalistas foram desligados”, relatou. Por fim, pediu respeito aos jornalistas da RBS: “Nenhum deles têm as mãos sujas”.
Texto: Celso Luiz Bender - Agência de Notícias da Assembleia Legislativa
Edição: Sheyla Scardoelli - Agência de Notícias da Assembleia Legislativa
Publicada em 09/04/2015 20:26