O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS (Sindjors) repudia a manifestação pública do comunicador Alexandre Fetter, do grupo RBS, feita na sexta-feira, dia 26, durante o programa de rádio Pretinho Básico, na qual, em discurso apresentado como editorial da atração, fez clara incitação à violência, à intolerância e ao crime.
Sem que se possa delegar à comissão de ética a apuração dos fatos, já que o referido profissional não é jornalista, é preciso ressaltar que ele agrediu colegas que são jornalistas, faculdades de jornalismo e outras instituições. Em sua fala, reforçou atitudes contra profissionais formadores de opinião que usam seus espaços para se opor aos excessos praticados pela polícia, enfatizando que essas pessoas deveriam ser as próximas vítimas.
Em determinado momento, o profissional atribui aos “ideais marxistas ultrapassados e comprovadamente falidos”, que, segundo ele, são aprendidos nos cursos de direito e de comunicação, a morte de cidadãos. Manifestou-se, ainda, aos “amigos, parentes e familiares destes que aí estão patrocinando e promovendo um massacre urbano lá de dentro dos seus gabinetes com segurança particular na porta, carro blindado e todo aparato de segurança que eles precisam”. Para ele, “que sejam vocês as próximas vítimas, seus parentes, seus filhos, seus pais, suas mães. Porque vocês merecem isso”.
O artigo 286 do Código Penal brasileiro penaliza quem incitar, publicamente, a prática de crime. A atitude de Alexandre Fetter ganha gravidade ao levarmos em conta a situação em que se encontra o país e, em especial, o Estado, que clama pelo fim da violência.
Ao repreendermos a atitude de Alexandre Fetter, não estamos, em momento algum, ferindo a liberdade de expressão – que não deve, sob hipótese alguma, ser usada como desculpa para incitação à violência. Nossa liberdade de expressão deve respeitar, sobretudo, a integridade das pessoas. A redução da criminalidade nunca se dará por meio de falas de ódio.
Cobramos do grupo RBS uma postura em relação ao ocorrido. O infeliz discurso de Alexandre Fetter foi proferido em uma emissora de rádio, que é concessão pública, logo, deveria servir à população como um todo, e não canalizar manifestações de violência.
O Sindjors luta pela obrigatoriedade do diploma de jornalismo e entende que, se todos os profissionais que trabalham em veículos de comunicação tivessem passado por cursos preparatórios, certamente adotariam uma visão mais plural e conciliadora, sem abraçar, na primeira oportunidade, uma postura tão distante dos valores éticos e democráticos.
Ressaltamos que o repúdio não é apenas a este episódio, mas a qualquer tipo de manifestação de ódio em veículos de comunicação, pois jamais contribuirá para qualquer construção de uma solução.
Publicada em 30/08/2016 20:04