As transformações na imprensa e a crise política no Brasil foram destacadas durante a mesa temática Política e Comunicação, conduzida pelo jornalista e escritor Moisés Mendes, no primeiro dia do Seminário Estadual Comunicação, Democracia e Resistência. na tarde dessa quinta-feira, dia 1º, no auditório da Fetrafi-RS, em Porto Alegre.
“A partir da situação conturbada que levou ao golpe, as redações tiveram uma degradação de posturas”, salientou o colunista do jornal Extra Classe e autor do livro Todos Querem Ser Mujica. Ele acredita que o grande desafio é descobrir como manter financeiramente projetos de mídia independentes que fazem oposição à cobertura dos grupos de comunicação hegemônicos.
“Se não tivéssemos informações pelos meios alternativos na internet, não saberíamos de muita coisa que está acontecendo”, apontou o ex-colunista de Zero Hora. As ocupações de estudantes, por exemplo, não são noticiadas. Por mais que os jovens se manifestem politicamente, não há repercussão. “Os estudantes não vão conseguir segurar essa barra sozinhos, o sindicalismo terá de entrar forte”, completou.
Para ele, o sindicalismo terá de dar sustentação para a produção de informação periférica. No entanto, é preciso “descobrir o Uber do jornalismo”. Além disso, para quem está fora das grandes redações – que conseguem atingir diversos nichos sociais –, “o desafio é falar para um público que não seja só nosso”.
Mendes ressaltou que chegamos a um ponto em que temos um impasse total na política, e ninguém sabe o que pode acontecer. Por mais que seja otimista sobre o futuro da produção jornalística, indagou: “como se sustenta a informação que depende exclusivamente de quem lê?”
O evento, que segue nesta sexta-feira (2), é organizado pela CUT-RS, Fetrafi-RS, Sindicato dos Jornalistas do RS, Sinpro-RS e Federação dos Metalúrgicos do RS em parceria com várias federações e sindicatos estaduais, com o apoio da CUT Nacional, Escola Sul da CUT e Comitê Gaúcho do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC).
Imprensa / Sindjors