O jornalista Paulo Salvador, coordenador da Rede Brasil Atual e TVT, e a diretora executiva do Sul21, Carmen Crochemore, defenderam a necessidade de atuação em rede ao abordaram os problemas enfrentados pela mídia independente, durante a mesa temática Mídia Alternativa e ativismo digital, no segundo e último dia do Seminário Estadual Comunicação, Democracia e Resistência, na manhã de sexta-feira (2), no auditório da Fetrafi-RS, em Porto Alegre.
“Precisamos debater cada vez mais a mídia”, ressaltou Salvador, que elenca entre os principais pontos de luta a necessidade da regulação da mídia e efetivamente agir. Para ele, existem muitos desafios e é preciso discutir a luta da esquerda.
Ele contou que pesquisa recente, por exemplo, indica que mais de 50% da população não sabe o que é reforma trabalhista. “Existe a necessidade de ampliar os conceitos para além dos ambientes em que estamos”, salientou. Conforme Salvador, é preciso uma frente unificada de trabalho e a Rede Brasil Atual é exemplo disso, pois une centrais sindicais para dar visibilidade para as pautas dos trabalhadores.
Carmen falou sobre a experiência do Sul21, que surgiu em 2010 a partir da iniciativa de jornalistas independentes “assumindo uma posição de esquerda, sem a máscara de imparcialidade”. A imprensa livre, que cumpre o papel de informar, é impulsionada pela alternativa da mídia digital. Ela comparou a luta diária do veículo com a história de Asterix – poucos gauleses num embate com milhares de romanos.
Os problemas financeiros do veículo foram referidos. O Sul21 não conseguiu se sustentar com receita de publicidade e está lançando uma campanha de assinaturas. “O modelo de financiamento viável é por meio dos leitores”, ressaltou. “Nosso leitor é muito exigente, quer uma informação desvinculada dos interesses da grande mídia”, acrescentou.
Moção de repúdio ao governo Sartori
Após as exposições dos painelistas, houve debates. O presidente do Sindicato dos Jornalistas do RS, Milton Simas, propôs uma moção de repúdio ao governo do Estado e de apoio ao jornalista Matheus Chaparini, que foi preso durante o exercício da profissão na desocupação de estudantes secundaristas no prédio da Secretaria da Fazenda. O documento cobra o arquivamento do caso e um pedido de desculpas formal do governador Sartori.
Desde o inicio da operação deflagrada pela Brigada Militar, o repórter do Jornal Já se identificou e, mesmo assim, foi preso juntamente com os estudantes e com o cinegrafista independente Kevin D’Arc, de São Paulo, e responde na Justiça por quatro crimes.
“Este tipo de manifestação é bem importante, pois é uma batalha que é policial, mas também é política”, ressaltou Chaparini, que estava presente e emendou: “Não é um ataque a uma pessoa, mas a uma categoria inteira”.
Imprensa / Sindjors