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Dia Internacional da Mulher é marcado por marcha contra a reforma da Previdência

O ato que encerrou a jornada de mobilizações do Dia Internacional da Mulher, em Porto Alegre, reuniu milhares de pessoas em uma marcha que saiu da Esquina Democrática, passou em frente ao Palácio Piratini, contornou a Praça da Matriz e se dirigiu para o Largo Zumbi dos Palmares. Foi uma marcha histórica, não só pela quantidade de manifestantes, como pela unidade expressa pela presença de mulheres de diferentes idades e grupos sociais.

 

Dois dos vários cantos entoados traduziram bem o espírito de unidade da manifestação. Um deles foi o já tradicional “nem recatada, nem do lar, a mulherada tá na rua pra lutar”, repetido várias vezes durante a caminhada. O outro foi cantado na concentração na Esquina Democrática e, depois, colocado em prática na marcha pelo centro de Porto Alegre: “companheira, me ajude que eu não posso andar só. Eu sozinha ando bem, mas com você ando melhor”.

 

Unidade na caminhada e na pauta: entre os principais pontos da agenda de lutas das mulheres, a reforma da Previdência, os governos Temer e Sartori, com algumas menções já ao governo de “Júnior” (Nelson Marchezan Jr., o novo prefeito da capital gaúcha), o machismo, a violência e todas as formas de discriminação que ainda fazem parte do cotidiano das mulheres. Se na parte da manhã a reforma da Previdência dominou a pauta das mobilizações, na marcha do início da noite as diferentes formas de violência contra a mulher foram mais ressaltadas.

 

Desde as 17h, a Esquina Democrática começou a ser ocupada por mulheres de diferentes idades e movimentos sociais. Sindicalistas, professoras, estudantes, feministas, trabalhadoras de diferentes setores, todas formaram um grande bloco que poderia ser identificado pela palavra de ordem “nenhuma a menos”.

 

As intervenções da concentração realizada na Esquina Democrática lembraram o caráter internacionalista da luta das mulheres. “Neste momento, as mulheres estão se mobilizando no mundo inteiro, numa nova onda feminista internacional. O nosso feminismo é classista, internacionalista, negro, trans e tem lado, está do lado dos trabalhadores”, disse a vereador Fernanda Melchionna (PSOL).

 

A ativista italiana Karen Mantovani, do movimento Stop the Wall, que luta contra a ocupação israelense nos territórios palestinos, manifestou a solidariedade das mulheres palestinas para com suas companheiras brasileiras: “na Palestina, as mulheres travam uma luta cotidiana contra a ocupação israelense e contra a colonização de suas terras. Elas estão participando também deste dia de greve internacional das mulheres, expressando sua solidariedade às lutas das mulheres em todo o mundo”.

 

Maria do Carmo, da Marcha Internacional das Mulheres, lembrou que elas estavam nas ruas de Porto Alegre desde as cinco horas da manhã, quando partiu a primeira caminhada da Ponte do Guaíba. “Vamos encerrar esse dia de luta com uma nova caminhada para mostrar a nossa força. Estamos marchando para que todos fiquemos livres da violência e de todas as formas de opressão. Os índices de violência aumentaram expressivamente contra as mulheres negras e de periferia, o que evidencia a natureza dessa violência”, assinalou.

 

Luciana Genro, por sua vez, afirmou que está em curso uma revolução mundial de mulheres e lembrou a mobilização que as norte-americanas fizeram na posse de Donald Trump. “Os nossos direitos só serão arrancados com mobilização”, defendeu, lembrando que as mulheres estão na linha de frente das lutas contra a reforma da Previdência e as políticas dos governos Temer e Sartori.

 

A marcha partiu um pouco antes das 19 horas da Esquina Democrática em direção à Praça da Matriz. Ao contrário do que ocorreu em manifestações anteriores, desta vez a Brigada Militar não impediu que a caminhada chegasse ao Palácio Piratini. Houve uma rápida parada em frente à sede do governo para uma “saudação” ao governador José Ivo Sartori: “Desocupa aí, fora Sartori do Piratini”.

 

Após isso, a caminhada contornou a Praça da Matriz e se dirigiu, via Borges de Medeiros, para o Largo Zumbi dos Palmares, onde a manifestação chegou ao fim sem nenhum incidente.

 

Fonte: Marco Weissheimer / Sul21

Publicada em 09/03/2017 16:19


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